
É mesmo um prazer contar-vos sobre o Servus Mariae, algo que começou como uma brincadeira arriscada de uma jovem de 20 anos e acabou por se tornar num momento tão importante da minha vida!
Mas claro, antes de me afetar, estas missões afetaram os Guineenses, sem eles não estaria a escrever este testemunho hoje, e então a eles deveríamos dar o foco!
O sexto ano de missão foi o que me foi doado para ser chefe juntamente com uma ótima equipa: O Pedro, a Matilde, a Maria e a Leonor. Quando lá chegamos, de facto, já existia relação entre os guineenses e a Mãe Peregrina. Era algo muito bonito de se ver. De facto, é já expectável cada um de nós encontrar a Mãe Peregrina na nossa casa, no nosso santuário, na casa de alguns amigos e, com sorte, nalgumas casas temporariamente, durante missões, no interior de Portugal, levadas por juventude animada, com data de regresso marcada. Mas em braços pobres, no meio do nada, rodeada de preces, mas acima de tudo de agradecimentos de forma tão autêntica e desprendida, isso nunca A tinha visto. E na verdade, não há melhor sítio para a Mãe Peregrina estar.
E com isso eles concordaram, a níveis surpreendentes. O que começou a ser uma missão para levar a fé católica, acabou por ser uma missão de levar Schoenstatt, não só pelos inflamados schoenstattianos presentes, mas pelos próprios Guineenses, que se deixaram tocar pelo fogo da MTA. Consequência disso, hoje já há Juventude Masculina, assim como liga das mães. Já reúnem sozinhos, falando de temas previamente preparados e enviados aqui de Lisboa, e vão construindo um Santuário com as suas próprias mãos, que neste momento é ainda uma ermida. Nossa Senhora, Rainha da simplicidade, já opera milagres e distribui graças por lá, conduzindo esta juventude em construção a uma vida missionária.
Para mim, como deixei revelar, foi um choque ver a humildade e simplicidade com que viviam. Uma felicidade limpa, verdadeira, que é tão difícil ver deste lado do mundo. Podemos não ter desafios como a fome, a pobreza; no entanto, claramente temos outros desafios. Um deles é sermos apegados à imagem, essa que deve ser do agrado da maioria dos nossos conhecidos. Se der jeito, mostraremos que temos fé, se não, deixamos escondidinho no nosso interior. Se der jeito, mostraremos todos os sítios onde estivemos, tudo o que fizemos, tudo o que sabemos. Foi uma grande lição de humildade ver, tão brilhantemente espelhado no olhar deles e em cada sorriso, aquilo que de verdade importa.
Quem julgou que ia ensinar, na verdade, saiu a aprender. Vim com muita alegria, mas sobretudo, com muita vontade de crescer em humildade. Mas para a MTA isso não foi suficiente, e então decidiu doar-me uma grande graça. Tal como a eles, não foi só um amor por esta fé que partilhamos que cresceu, mas um amor por este movimento, por Schoenstatt. Sai dali com uma vontade de ser mais como eles, firme no cumprimento do dever, mas sendo simples, e com isso, verdadeiramente alegre, MAS SEMPRE inspirada pela sombra do santuário, pela força da aliança e presença da MTA, que não está só numa imagem, mas opera realmente nas nossas vidas.
De facto, quem peregrina tem um destino, e a Mãe Peregrina soube escolhê-lo. Através da sua deslocação atá à Guiné-Bissau, não encontrou casa só em Bafatá, na ermida a Ela dedicada, mas encontrou casa nos nossos corações. Aí nos mostrou que Schoenstatt não é do Restelo, nem de Lisboa, nem se quer de Portugal, mas que é do Mundo, da Igreja, Dela. E assim a quero servir.
“Torna-me fecundo para a terra de Schoenstatt: a minha vida seja um «sim» criador a tudo o que planeaste, com bondade, para a salvação das almas, por meio de Schoenstatt. Então poderão chamar-me rico, sumamente rico; ninguém, jamais, poderá dar-me maior felicidade, nada mais tenho a desejar; tudo o que dispuseres é o meu querer e o meu bem”.
Rumo ao Céu 390, 391
Filipa Drumond Borges
Juventude Feminina de Lisboa