
Em Hoerde, em 1919, no meio dos escombros da 1ª guerra mundial, Schoenstatt começou a ganhar forma. Este simples acontecimento marcou a transição da Congregação Mariana dos jovens seminaristas pallottinos para a União Apostólica de Schoenstatt. Este evento lançou as bases de um movimento eclesial eminentemente laical e apostólico.
É importante lembrar que o primeiro adjetivo que caracteriza a nossa federação – União – é «apostólico». Nada de evidente para a época, hoje mais atual do que nunca, se queremos ser fiéis ao carisma do P. Kentenich e estar no auge destes tempos, como Schoenstatt em saída. (cf. palavras de saudação – P. Juan Pablo Catoggio)
Neste celebração estavam representadas as diversas Uniões provenientes de vários países: União Feminina, União de Familias, União de Sacerdotes, União de Mães, União Masculina.
Escrevo como uma das 8 representantes da União Apostólica de Mães de Portugal. Juntaram-se a nós mães da União da África do Sul, Alemanha, Argentina-Paraguai, Brasil, Chile, Espanha, Suiça, USA.
«Eu esperei por ti» (J.K.)
Com estas palavras fomos acolhidos, no final do primeiro dia, na abertura da celebração, num encontro na Igreja dos Peregrinos; começou com o desfile das bandeiras dos diversos países representados, seguido de procissão e bênção no Santuário Original.
Recordei o mesmo acontecimento, há 10 anos, quando estávamos a festejar os 90 anos da Jornada de Hoerde. Também era noite, o Santuário iluminado, lindo; rezámos a Consagração juntos. Muitos rostos comuns, muita emoção e alegria. É sempre de agradecer a possibilidade de estarmos presentes, de nos reencontrarmos, de conservarmos a nossa fidelidade e fogo interior.
A Jornada foi distribuída por 2 dias (17 e 18); sendo o programa desses dias comum às diversas Uniões.
Falávamos várias línguas de diversos continentes, mas além da ajuda da tradução simultânea (muito aplaudida), tínhamos o Espírito Santo que nos fazia sentir em comunhão. E assim, entre gestos, sorrisos, palavras soltas, íamos comunicando.
Os nossos corações foram realmente inflamados pelos vários palestrantes, e pelos sugestivos temas tratados:
- «Os seus corações inflamaram-se» (J.K.): Hoerde – impulso original para um Movimento que muda o mundo
- «Nós – não eu!» (J.K.) – Trabalho conjunto como atitude de vida
A complementação reciproca vivida dá resposta a muitas perguntas do nosso tempo. Juntos podemos construir poderosamente e ser motores de renovação. “Se, onde tivermos oportunidade, não intervirmos poderosa e energicamente na engrenagem do tempo, então apenas sonhamos um lindo sonho da renovação do mundo” (JK 1930)
Também se falou da concretização do desejo do P. Kentenich em relação à CAU (Confederação Apostólica Universal): uma sinergia de todas as forças apostólicas da Igreja para uma ação conjunta em muitos projetos de evangelização da sociedade.
Foi apresentada por um casal da Costa Rica uma proposta experimentada e bem estruturada, de implementação da CAU na Arquidiocese S. José. Proposta essa que foi oferecida de forma a poder ser copiada e aplicada noutros países.
- «Fazei-o! » J.K.”
- «...usa-nos segundo a tua vontade!» J.K.: desafios do nosso tempo
No 3º dia (19), seguiu-se um programa por comunidades:
«Vós todos participais do meu carisma pessoal» J.K.
No nossso caso juntaram-se todas as representantes da União Apostólica de Mães. Cada país sentia-se parte da Família unida e internacional de Schoenstatt: apesar de culturas diferentes falávamos a mesma lingua. Estávamos “em casa”, no Schoenstatt original.
Em plenário escolhemos o que nos marcou nos dias anteriores e o que levávamos connosco; destaco aqui apenas alguns pontos:
- gratidão por estarmos juntas neste local abençoado; no Santuário agradecemos à MTA e renovamos a Aliança de Amor.
- vontade de cultivar o espírito e a vida interior para um eficaz apostolado do ser num Schoenstatt em saída: podemos mudar o mundo mudando eu?
- crescer no espírito apostólico das nossas comunidades que são modelos para o exterior: renovação, resposta de amor, abertura aos outros (universalidade)
- sentir, na experiência de Família internacional, a vontade de construir uma comunidade que se empenha no esforço de caminhar em comum, respeitando a originalidade e a diversidade.
Terminámos no dia 20 com o convite para assistir à Constituição Internacional da União dos Sacerdotes que começou com uma cerimónia no Santuário Original seguida de celebração Eucarística na Igreja da Santíssima Trindade. Este caminho de internacionalização foi o desejado pelo P. Kentenich, já percorrido por algumas comunidades. Foi um momento muito marcante, com uma homilia da qual gostava de partilhar e realçar alguns parágrafos:
“ Hoerde é o começo deste Pentecostes, que através da nossa Obra de Schoenstatt se difundirá no mundo inteiro, em todos os nossos Santuários que estão profundamente enraizados nos povos onde eles nasceram.
... A humanidade deve enfim descobrir ... que segundo as leis inspiradas do mistério trinitário, na dialética do amor a diversidade não é o que nos separa, mas o que nos faz comunhão.
... O próprio e a originalidade da União Apostólica residem no facto de ela compreender a tarefa evangelizadora – o apostolado – sob a forma de uma rede internacional e intercultural que nenhuma cultura – europeia, ocidental – impõe para difundir o Evangelho, mas se enriquece das múltiplas formas nas quais o Evangelho é inculturado nas diferentes culturas do mundo.” (Prof. Dr. Alejandro Blanco Araújo. La Plata, Argentina)
Hoerde ontem, hoje e sempre! A chama não pode apagar! Que as bênçãos jubilares deste centenário reacendam o amor pela missão e a fidelidade à nossa vocação!
Caritas Christi urget nos!
Ana M S Carvalho
2º Curso da União Apostólica de Mães