Três elementos que marcam o caminho e a nossa missão para este ano:
A família
A misericórdia
O espírito missionário com que se abraça e se dá sentido ao lema todo:
Família porta da misericórdia.
A porta
O ano da misericórdia inicia com a abertura da porta santa.
A porta aberta é um símbolo forte do Jubileu da Misericórdia, da missão da Igreja e também do espírito apostólico de um Schoenstatt em saída.
A porta da misericórdia é o próprio Jesus. No contexto das palavras sobre o Bom Pastor, Ele diz “Eu sou a porta”. Jesus é o rosto da misericórdia e é olhando para ele que sabemos como fazer o nosso caminho.
A porta santa abre-se como uma passagem que se faz em dois movimentos, um de saída e outro de acolhimento.
Num sentido, de saída, a Igreja abre o tesouro da graça como uma fonte que sai do templo para dar vida. Abre-se a porta para que brilhe e se expanda a luz que vem de dentro e assim, a misericórdia fecunde todas as realidades do mundo. Noutro sentido, de entrada, a igreja abre as portas para acolher a todos, como casa de todos, como mãe de braços abertos. Todo aquele que cruzar essa porta experimenta o perdão, a reconciliação, a paz e a salvação. É Jesus que acolhe a todos e revela a imagem de Deus Pai de misericórdia
Porta de misericórdia
Nestes dois movimentos de saída e acolhimento, a porta santa, uma porta aberta, é expressão da Igreja viva, que é portadora da misericórdia do Pai, é um sinal do agir do Pai. O lema “sede misericordiosos como o Pai” diz que a Igreja está chamada a ser, como foi Jesus, rosto do Pai: saindo ao encontro da ovelha perdida ou esperando de braços abertos todos os filhos que anseiam pela misericórdia do Pai que perdoa e reconcilia.
A porta das basílicas, das sés catedrais, das igrejas e santuários é assim um símbolo do que é a Igreja toda; do que é cada comunidade, cada cristão e cada família: uma porta viva da misericórdia. Onde estivermos está sempre a misericórdia, nos nossos pensamentos, no nosso coração e no nosso agir, especialmente na relação com os outros. Onde estivermos está a porta santa. Este é o sentido do jubileu, a razão pela qual o Papa Francisco quer multiplicar os lugares que são portadores da misericórdia. E por isso, nada melhor do que abrir a porta santa em cada coração. Somos uma porta da misericórdia.
Nesse sentido, a peregrinação até à porta santa, própria de um ano jubilar, tem que estar unida à peregrinação interior feita com os passos da misericórdia. Diz-nos o Papa que esses passos são o “não julgar …, não condenar …, perdoar …, dar …”. A estes 4 passos se unem ainda as obras de misericórdia para serem vividas na vida concreta.
A família. A porta da misericórdia é a família.
A Família, de fato, é expressão privilegiada da misericórdia. É um santuário, é uma porta por onde passamos diariamente para nos sentirmos acolhidos amados e perdoados. Cada vez que cruzamos a porta de casa e sobretudo a porta do coração uns dos outros deveríamos, experimentar a misericórdia que acolhe, perdoa, anima e dignifica. Gostaríamos que fosse assim em todas as famílias. Por isso a família é missão.
Somos Família do Pai, unidos pelo nosso Pai e Fundador. Ser Família do Pai é também ser sinal da Misericórdia do Pai do Céu. Gostaríamos que quem chegar ao Santuário se encontrasse com a Mãe de Misericórdia; e quem se encontrar connosco, enquanto Movimento - Família de Schoenstatt, experimentasse a misericórdia em nós, pelo acolhimento, pelo perdão e pela alegria. Por isso, a família é missão.
Depois do sínodo sobre a vocação e missão da família, percebemos ainda mais claramente que em Schoenstatt temos um dom para dar, e não podemos ficar de braços cruzados. Deus concedeu-nos a alegria de ser e experimentar família, este dom é para cuidar e esta alegria é para partilhar. Reconhecemos que a Aliança de Amor é resposta para as famílias e Deus chama-nos a acolher e ir ao encontro de todas. Por isso a família é missão.
Gostaríamos que a Igreja seja família de famílias, que a humanidade seja cada vez mais uma família que, especialmente com as graças deste ano, seja uma família onde reine a misericórdia. Por isso queremos construir a comunhão onde vivemos e trabalhamos, ser testemunho pela força dos vínculos, trabalhar em Igreja com outros, servir nas comunidades onde estamos. Por isso a família é missão.
Esta chave missionária é o acesso ao sentido profundo do nosso lema que nos convida a partir do dom de ser família para transformar e renovar o mundo à nossa volta. A família somos nós, a família é protagonista principal, neste ano da misericórdia, a família é a porta, uma porta no meio do mundo, por onde sai a vida de Deus e por onde podem entrar todos e experimentar a misericórdia.
Gostaríamos de ser uma porta viva da misericórdia, feita de pessoas, feita de famílias. Este ano, gostaríamos de ser Família porta da misericórdia.
Padre José Melo
18.Novembro.2015