Foi no dia 8 de Julho que vimos a cidade de Bafatá receber-nos com a sua tão característica hospitalidade, que se sente e respira como um terno e quente abraço que logo nos faz saber chegados a África. Estávamos à distância de 3 meses e 10 dias do grande dia de celebração do Jubileu, a muitos kms de distância do Santuário original e, contudo, a apenas 10 dias, e não tantos metros assim, da celebração da bênção da Ermida que Nossa Senhora parecia tão veemente em ver colocada de pé. Foram largos os meses ao longo dos quais este local foi sendo conquistado, ora em Portugal, ora na Guiné-Bissau, tanto espiritual como fisicamente – já se podia entrever, por entre os ramos das mangueiras cravejados a morcegos que dormitavam nos seus poleiros, a estrutura de madeira que dias mais tarde viria a dar corpo ao telhado, suportado por pilares de madeira. Estes enquadravam, de um modo mais ou menos simétrico, o local construído à custa de muito suor que, dado o clima rigoroso, por volta das 11h da manhã já era mais que muito. Para quem está familiarizado com o clima dos países tropicais, facilmente e com a empatia de quem já o sentiu na pele, compreende o ritmo africano - que em muito pouco se assemelha à lufa-lufa dos chamados “países desenvolvidos” - e com o qual ainda temos tanto a aprender. Uma telha agora, duas daqui a mais um pouco, um intervalito para recuperar da moleza que este calor teima em provocar e assim se vai vendo passar o tempo. E com ele, nem um único rosto preocupado. Sem pressas tudo se vai fazendo. Cada vez mais próximos do derradeiro dia e com uma confiança cega na Divina Providência, assim fomos tomando a pouco e pouco o espaço. Vimos o altar a aparecer sob linhas desenhadas a carvão e pinceladas vigorosas e o telhado a surgir debaixo daquele calor abafador. Vimos, de dia para dia, o espaço envolvente conquistar uma alma própria e a reza dos terços diários a encher-se mais e mais de vida. Algo de muito bom estava de facto a crescer naquele lugar. | |
O dia 18 chegou. E com ele uma enorme alegria que não dava para ser explicada ou transposta para palavras - apenas vivida e sentida naquela tarde em que a capela de Nossa Senhora de Fátima, cheia até à porta, se viu transformar num enorme terço rezado em procissão pelas ruas de Bafatá até à Ermida. A nossa Ermida. A Ermida abençoada pelo bispo da Diocese de Bafatá, D. Pedro Zilli, numa celebração solene, linda, cheia de ritmos Portugueses e Africanos. A Ermida de todas aquelas pessoas que poderão encontrar naquele lugar as graças do Santuário. Que sempre que precisarem do consolo de Nossa Senhora a podem encontrar lá à sua espera. À nossa espera. Necas |